Translate

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Relato: Conquista de ouro - Corridas de Montanha - Atibaia

O desafio da vez foi a etapa Atibaia da Copa Paulista de Corridas de Montanha, em 25/08/13, com largada no Campo de Pouso Livre (+/- 760m) e chegada no cume da Pedra Grande (1350m).


Essa era uma prova que eu queria correr desde que soube da sua existência. As fotos e vídeos das edições anteriores mostravam que o percurso era duro, porém extremamente belo.

No sábado fomos treinar na USP e, conversando com o pessoal da JVM, a opinião era unânime: "Essa prova é linda, mas ela dói!"

Considerando que essa opinião vinha de corredores experientes, bateu certa apreensão... mas é aquele papo: se está no inferno, abrace o capeta! rs 
Então aceitamos que a prova seria realmente dura, deixamos as expectativas de bons resultados de lado e focamos apenas em correr bem e sem incidentes (lesões e afins), apreciando o cenário.

Se o objetivo dessa prova fosse apenas performance, não teria entornado seguidas taças de vinho na noite anterior à prova, comemorando meu aniversário na casa dos meus pais! rsrs

No domingo acordamos cedo e, com o céu ainda escuro, pé na estrada. 

A gente acabou se perdendo um pouco ao entrar em Atibaia e chegamos "atrasados". Perdemos - por 2 minutos - o caminhão de guarda-volumes, que levaria à área de chegada nossas mochilas com jaquetas corta-vento, comida e etc. etc. etc... Ficar de mimimi não levaria à nada, então reorganizamos nossas pochetes e bolsos das bermudas da forma que foi possível, para não faltar o essencial para o pós-prova (e o essencial, nesse caso, envolvia algunas cositas más, como veremos a seguir). 

Encontramos alguns conhecidos de provas anteriores e trocamos nossas impressões e expectativas para o evento. 

Às 8h soou a buzina e foi dada a largada. 
Considerando os conselhos que me foram dados, e levando em conta ainda que os primeiros 3km eram relativamente planos, pensei em começar num ritmo um pouco mais acelerado, pois quando a piramba e o single track surgissem, não ia ter muito mais o que fazer. 
Assim, "mirei" nos corredores que eu já sabia que corriam mais forte que o meu normal, e tentei acompanhá-los. Com isso, acabei fazendo os dois primeiros kms mais rápidos da minha curta carreira de corredor.

Da marca do 3ºkm em diante foram subidas e mais subidas, primeiro por estrada de terra (onde andei o mínimo possível) e depois por single tracks dignas de escalada no Parque Nacional do Itatiaia, ou seja, o máximo que dava pra fazer era andar sem parar para recuperar o fôlego!



As panturrilhas queimavam um pouco, os glúteos chiavam, a lombar atazanava, mas eu seguia firme e forte (lento, mas forte! rs).

Apesar do pouco tempo que tive pra me preparar, estava me sentindo muito bem - física e psicologicamente - e um objetivo maior me impulsionava a seguir me esforçando quando o sensato era parar por uns 5s para pegar um ar.

De repente saí da mata e dei de cara com as pedras. Abaixo delas, Atibaia e região. Que visual! 






Naquele momento, percebi que ainda tinha um pouco de fôlego, deixei de apreciar a paisagem e voltei a trotar - faltava menos de 1km para cruzar a linha de chegada.










O problema é que esse 'menos de 1km' seria em "escalaminhada" na rocha! Nossa Senhora da Panturrilha Fritando!

Foto da edição anterior, pra vocês terem noção de quão grande é a Pedra Grande!


Força, Cris!! Falta pouco!


Nessa escalada ainda ultrapassei duas ou três pessoas... 
Faltando menos de 100m para a chegada, surgiu um trecho "trotável"... olhei em volta, julguei que não tinha ninguém da minha categoria ali perto e deixei o cansaço e a preguiça falarem mais alto por alguns poucos metros. Nesse momento fui ultrapassado por uma das pessoas que eu tinha acabado de ultrapassar. 
Vinte e um segundos depois, cruzei a linha de chegada (ainda tive de cruzar duas vezes pois, na primeira vez, o chip não foi lido). 
Qual não foi a surpresa quando, na cerimônia de premiação, descobri que aquela pessoa que me passou na reta final era da minha categoria, e ficou em terceiro lugar!!! Aquele troféu poderia ter sido meu... mas paciência, o foco não era esse.

(Cá pra nós, sinceramente, essa foi a prova em que me senti melhor até hoje. Considerando meu condicionamento e preparo, não acho que poderia ter melhorado meu rendimento ou mudado a estratégia em momento algum - a única "falha" foi na reta final, mas ainda assim fiquei muito feliz com meu desempenho. E agora é certeza: tenho predileção pelas provas uphill, como em Santo Antônio do Pinhal e Atibaia).

Descansando e esperando a Cris

Era ali que a adrenalina ia começar a fluir de verdade! Enquanto aguardava a Cris concluir a prova, conversava com os conhecidos que iam chegando e tentava ignorar as 'borboletas no meu estômago'.



A Cris surgiu no horizonte, cansada mas sorridente, e meu nervosismo aumentou.




Antes mesmo de ela parar para alongar, beber água, pegar a medalha, tirei do bolso da bermuda de compressão a nada discreta caixinha de alianças e fiz a ela a pergunta que não queria calar!

Momento "flagrados pelo paparazzo"
Fácil correr com uma caixa de alianças 'escondida' no bolso da bermuda de compressão, viu! 


Conquistei ali o perseguido ouro.




Pra finalizar o feliz final de semana, voltamos para São Paulo em tempo de encontrar a equipe Canas que Voam num churrasco de integração da nova turma que vai encarar a Bertioga-Maresias em outubro!

______________________


P.S.: o retorno com ônibus da organização do evento, do cume da Pedra Grande ao ponto de largada, levou mais tempo do que eu gastei para correr até lá em cima! Viagem sofrida e interminável! Tasqueopariu!!! Sorte que meu estado de espírito é sempre no estilo Quanto pior, melhor! rsrs

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Relato: De volta ao jogo! - Corridas de Montanha Rio Grande da Serra

11.08.13 - Dia dos Pais. 
Mas não sabíamos disso quando fizemos nossas inscrições, no início de maio.
Enfim, como já estávamos inscritos, resolvemos ir mesmo assim e depois faríamos um bate-e-volta para almoçar com meus pais no interior. Idéia de louco, sem dúvidas.

Após uma noite de pouco sono (tivemos apenas 2h30 de sono), madrugamos, colocamos a "fantasia de atleta" e partimos para a estrada com destino à Morada dos Anjos (em algum lugar entre Rio Grande da Serra, Paranapiacaba e Suzano).

Parecia que o primeiro desafio seria chegar ao local, uma vez que os celulares e GPS não tinham sinal. No entanto, a planilha de navegação disponibilizada pela organização da prova estava impecável. Chegamos ao local após 1h30 de viagem, sem incidentes.

O friozinho se fazia sentir - e mais ainda no meu estômago, já que essa seria a primeira prova que eu correria após a alta da fisioterapia.

Um pouco antes da largada tivemos uma surpresinha: o percurso longo foi alterado de 12km para 14,9km, com a inclusão da "escalada de uma montanha de respeito" (palavras da organização). Eu e Cris trocamos olhares apreensivos. Ela estava claramente preocupada com minha lesão. Eu também estava, mas fingia não estar.

Às 8h35 foi dada a largada. Minha estratégia (se é que podemos chamá-la assim) era começar forte, tentando acompanhar o bloco da "elite C" (rs), e evitar as aglomerações quando começassem os trechos de single track e etc.



No entanto, como o percurso era desconhecido (nem mesmo a altimetria havia sido divulgada), qualquer tentativa de esboçar uma estratégia era em vão. Com menos de 1km de prova já teve início um trecho de single track em aclive, e aí pude perceber como meu condicionamento físico estava fraco (após praticamente dois meses sem treinar graças a uma Síndrome do Trato Iliotibial).

Saindo do single track, pegamos uma pequena descida em chão batido e então tomamos uma estrada de terra, relativamente plana, por poucos km. Nesse trecho cruzamos com alguns motociclistas fazendo trilha - vale mencionar que alguns deles foram bem "espírito de porco" e fizeram questão de derrapar as motos para levantar bastante poeira para os corredores.... como se o ar já não estivesse seco o bastante.

Enfim, na placa dos 5km meu cronômetro marcava 29min alto (quase 30 min). Considerando o aclive em single track caminhando e considerando minha falta de condicionamento, achei que sub 30min eu estava no lucro.

Trotando ao lado dos cavalos

Outra consequência da falta de conhecimento do percurso foi a escolha errada do tênis. Por ser em Rio Grande da Serra, região cortada por diversos rios e riachos, acreditei que a prova teria um perfil "molhado" (como em Paranapiacaba ou São Sebastião, por exemplo) e escolhi usar meu Asics Fuji Racer, de drop um pouco mais baixo que do que costumo utilizar, um pouco menos de amortecimento, muito leve e com excelente capacidade de drenagem. No entanto, a prova inteira foi "seca" e de chão duro. Meus pés não gostaram tanto da minha escolha - nos kms finais, cada passada era uma marretada nos pés!

Do início do 4ºkm até o 8ºkm, subimos sem parar. A "escalada" foi muito dura, muito íngreme e de tirar o fôlego (em muitos momentos era necessário engatinhar para seguir subindo). Mas a vista do topo da montanha valeu cada gota de suor! Pena que não deu tempo de apreciar mais a paisagem, já que 50m após atingir o cume era hora de começar a descer: 700 m de descida muito técnica, entre pedras soltas e raízes... em resumo, uma tortura para os meus joelhos e coxas.







Terminando a descida técnica, bora queimar sola! Pelo menos esse era o pensamento... e então tive certeza de que meu rendimento estava muito baixo. Fui obrigado a andar diversas vezes no trecho plano! Uma novidade para mim e uma oportunidade para aprender a ser mais humilde e realista comigo mesmo. É impressionante como o condicionamento físico vai embora rapidamente quando somos obrigados a parar de treinar.



Nessa "altura do campeonato" - na verdade até antes disso - meu único objetivo era terminar a prova bem (sem me machucar).

Esse objetivo foi frustrado pouco tempo depois: um pouco após avistar a placa de 14km senti uma fisgada no local da minha lesão recém tratada. Bateu o maior desânimo. 
Na descida final eu já não tinha nem mesmo forças para levantar as pernas, então saí topando em tudo quanto era pedra e raiz existente.

Com 1h54:29, cruzei a linha de chegada, me hidratei, e fui colocar gelo no joelho, para tentar administrar os prejuízos. Aproximadamente 30 minutos depois (total de 2h25:11), a Cris finalizou a prova e eu pude respirar aliviado (devo admitir que estava preocupado com ela).



Como de costume, tiramos nossas fotos, tentamos repor as energias e aguardamos a cerimônia de premiação. Nova surpresa: consegui ficar em 3º lugar na minha categoria e a Cris ficou em 1º lugar na dela!

Com sorriso no rosto (e, na mente, a preocupação com a lesão), hora de entrar no carro e encarar mais 3 horas de viagem para dar um abraço no paizão e mostrar meu troféu novo! Valeu a pena!



terça-feira, 13 de agosto de 2013

Relato: Campeonato Brasileiro de Corridas de Montanha - Monteiro Lobato

Etapa de Monteiro Lobato da Copa Paulista de Corridas de Montanha.

A Cris e eu fizemos nossas inscrições e menos de uma semana depois eu tive a certeza de que a dor que vinha me incomodando há meses era a tal da Síndrome do Trato Iliotibial. Resumindo, tive de parar de treinar por um tempo e comecei a fazer fisioterapia motora (nada de fisioterapia de convênio que, normalmente, só trata a dor/consequência, mas não trata a origem/causa).

Falei ao meu fisioterapeuta (Felipe, da Reaction Fit) que em 3 semanas eu teria uma prova de montanha pela frente, e que estaria contente se eu pudesse ao menos andar durante toda a prova. Ele então disse que traçaria um planejamento para que eu conseguisse não apenas andar, mas trotar durante a prova, e que isso serviria como um teste para saber como meu corpo estaria reagindo ao tratamento. "Maravilha", pensei, "agora é só ir pra Monteiro Lobato!"

Eu sei que, graças a esse papo todo de lesão, ficar de molho e etc., acabamos nos esquecendo de procurar hospedagem para a prova, e quando tentamos fazê-lo tivemos a ingrata notícia de que todas as (pouquíssimas) pousadas de Monteiro Lobato estavam lotadas.

Por coincidência, uma semana antes, num treino especial da JVM no Pico do Jaraguá, conhecemos a Karine, que também iria correr, mas não tinha ainda como ir e onde ficar. Trocamos contatos e etc., e numa coincidência maior ainda descobrimos que o noivo dela tinha um irmão que estava construindo uma casa em Monteiro Lobato! Quais são as chances?

No sábado, para celebrar que tudo deu certo com a estadia, fomos almoçar num restaurante de comida mineira ("Tia Nastácia", creio eu). Atletas que somos, mandamos ver nos torresmos, polentas, feijoada, pernil, costela com mandioca e todas as demais iguarias light da culinária regional. Confesso que a comida estava tão gostosa, que nem deu pra sentir remorso por comer tanto antes da prova! 

No dia da prova, acordamos cedo, tomamos nosso café da manhã e nos dirigimos para o local do evento (+/-10km de distância de onde estávamos).

Eu havia decidido que correria a prova inteira ao lado da Cris, para evitar que eu me empolgasse demais e saísse correndo em disparada, colocando em risco todo o tratamento que tinha feito até então. A Cris disse que por ela não haveria problema, e assim fizemos.

Largamos juntos e nos primeiros 2km, em asfalto, tive um pouco de dificuldade para acompanhar o pace dela, afinal, fazia tempo que não corria.

Pouco depois começaram as estradas de terra, pastos, mata densa, lamaçal e uma escalada em trilha recém aberta, bem escorregadia, onde tínhamos de nos segurar nas raízes e cipós para conseguir avançar.




Demoramos um pouco para acharmos um ritmo confortável para ambos. Até acharmos esse ritmo, confesso que houve momentos de tensão no ar! (rs)
É difícil correr ao lado de alguém que tem ritmo e condicionamento diferente de você. Mas no final deu tudo certo e ainda cruzamos a linha de chegada ao mesmo tempo, de mãos dadas!


Voar, voar, subir, subir


Foi muito gostoso poder correr aqueles 12 pesados quilômetros lado a lado com ela! 

Deixando de correr para correr sempre

Sempre li que descanso é tão importante para o corpo quanto exercícios físicos. Mas ler é uma coisa, assimilar e aplicar é outra.

Apesar de parecer que eu fazia pouco caso da minha lesão, eu estava sim preocupado e já havia passado por 3 ortopedistas diferentes. A prescrição era sempre a mesma: repouso relativo e fisioterapia pelo convênio.

Só que fisioterapia pelo convênio, como se sabe, não é lááá essas coisas... fiz dez sessões de infravermelho, ultrassom e TENS/TNS (choquinho maroto) e o joelho continuava inchado e dolorido.

Fiz uma ressonância magnética e levei o resultado a 2 médicos diferentes (inclusive especialistas em medicina desportiva). O diagnóstico era o de sempre: Síndrome do Trato Iliotibial. O tratamento, também: repouso e mais 10 sessões de choque e calor... Desanimador, não?

A Cris me convenceu a fazer uma consulta com um ortopedista particular (obrigado por tudo, Cris! =* ) e o diagnóstico foi o mesmo (ótimo), mas o tratamento foi diferente (excelente!).

Resumindo, comecei a fazer fisioterapia motora/reabilitação numa clínica particular, especializada em atletas (lutas, triathlon, corrida...) com o Felipe da SportFisio/Reaction Fit (indicação do Paulo, um dos Canas que Voam. Valeu Paulo!).

Enfim, encostei o corpo na oficina, parei de correr por um tempo e estou me dedicando apenas à reabilitação. Continuo acompanhando a Cris nos treinos da JVM, mas nem levo tênis para não cair na tentação.




Às vezes sonho que estou correndo de forma leve e silenciosa por aí, e bate aquela vontade de largar tudo e sair correndo (literalmente)... mas se eu quiser continuar a correr por anos sem conta, tenho que levar o tratamento e meu corpo a sério.

O final dessa história, será feliz, já estou sentindo!

To be continued...

Relato: Com os pés nas nuvens - Corridas de Montanha Santo Antônio do Pinhal

Domingo, 02/06. 

Santo Antônio do Pinhal (SAP).

Lembra que eu disse que ia descansar um pouco para me recuperar da lesão? Pois é... e não é que eu estava inscrito para mais uma prova?!

A cidade respirava esporte e aventura nesse feriado prolongado de Corpus Christi. Durante aquele feriado, nada menos que 3 competições tomaram as ruas e trilhas da cidade e região: Chauás 300km, Haka MTB e a VI Etapa da Copa Paulista de Corridas de Montanha.

A etapa de Santo Antônio do Pinhal da Copa Paulista de Corridas de Montanha é amplamente conhecida por suas dificuldades - sobretudo em razão de seu perfil altimétrico, no maior estilo uphill,com largada no centro da cidade (em torno de 1050m de altitude) e chegada no cume do Pico Agudo (por volta de 1650m de altitude, ponto de prática de asa delta) - e também famosa graças à beleza do local.

Fomos na quinta feira (30/05) para SAP para passear e aproveitar o feriado. Cidade bem pequena e agradável. O passatempo favorito ali era comer como se não houvesse amanhã! rs

No sábado de manhã fomos de carro até o alto do Pico Agudo e levamos um susto! O negócio é alto mesmo!! Depois disso fomos retirar os kits e ficamos na praça ouvindo música ao vivo e pensando na vida por um bom tempo. 



Meu objetivo para o dia seguinte era pegar leve, afinal estava machucado e bla bla bla...zzzzzzzzzzzzzzzz.... Só que na hora de retirar os kits descobri que essa etapa não teve muitos inscritos. Disseram-me também que a prova só teria uma descida, e eu achei ótimo, já que eu me ferro sempre nas ladeiras. Claro que isso significava que eu TINHA que correr forte e tentar um troféuzinho, né? Até porque ano que vem mudo de faixa etária e o bicho vai pegar! rs

O dia amanheceu frio e com nuvens esparsas, proporcionando um belo visual e um ótimo clima a todos os corredores. 

A largada para a modalidade curta ocorreu aproximadamente 6 minutos antes da largada para a modalidade longa. Na modalidade longa, os corredores tiveram de percorrer aproximadamente 2,5 km no centro da cidade antes de, finalmente, iniciarem a longa subida rumo ao Pico Agudo.

O percurso, bastante exigente, alternava entre estrada asfaltada, paralelepípedos, estrada de terra e, por fim, trilhas em meio a pastagens e mata nativa (para nós, iniciantes no mundo das corridas em montanha, o jeito era alternar corrida-caminhada-trote-caminhada-trote-corrida e, no final, caminhada-caminhada-caminhada rs).

Larguei forte, tentando acompanhar a elite feminina... pfff... em menos de 1,5km elas já tinham me deixado comendo poeira! rs
Segui forte até o 2ºkm e então comecei a sentir dores... por sorte, a longa subida começou ali. Subimos por 3km, eu sempre no passo do elefantinho (trotando, devagar e sempre), seguiu-se uma descida relativamente curta e veloz - revigorante para a maioria, torturante para mim.
Depois disso, o terreno alternava entre subida de inclinação leve, mas constante, e descidas curtas e rápidas (rápidas para os outros...), até o km 9. Dali em diante, o bicho pegou mesmo, para a minha alegria. Veio uma subida tensa, onde tivemos de ganhar 500m de elevação em 3km. 






Nos dois últimos quilômetros a subida exigiu bastante dos atletas, e em muitos trechos era necessário apelar para a "escalaminhada" para superar os obstáculos. Foi aí que consegui ultrapassar o pessoal que eu vinha caçando desde o começo, mas sempre perdia de vista nas descidas.

Nos duzentos metros finais já era possível ouvir os gritos de incentivo dos atletas que já haviam finalizado o percurso, embora fosse impossível vê-los, graças à mata fechada.

Superada esta última e desafiadora subida, era hora trotar (ou tentar ensinar as pernas a correr novamente) por mais alguns poucos metros e cruzar o pórtico de chegada, com dor nas pernas, respiração ofegante, muito cansaço, um sorriso no rosto e a sensação de dever cumprido! 


A vista de 360º do alto do Pico Agudo também foi uma ótima recompensa, e olhando para baixo era possível ver as nuvens (sim, olhando para baixo!) e algumas cidades da região!



Terminei meus 12,6km com bastante dor no joelho direito, em 1:36:24 e a Cris o fez em 2:11:46. Tiramos algumas fotos, pegamos carona na van da organização e descemos de volta à civilização para a cerimônia de premiação, no centro da cidade.

Imprimiram uma parcial dos resultados e tchã-tchã-tchã-tchan!!! Terceiro lugar na faixa etária pro manquitola aqui!! Eu sabia que meu Fuji Attack dava sorte! rs
E não acabou por aí! Passados alguns minutos, sem que tivessem afixado no mural o resultado feminino, anunciaram o nome da Cris na 2ª posição na faixa etária! Dobradinha da nossa equipe de corrida de duas pessoas! rsrs





Feliz, feliz! E com dor pra burro. Ok, agora eu paro para descansar mesmo! A próxima prova para a qual estou inscrito é só em fins de julho.

Revezamento Bertioga Maresias Maio 2013

Após o desafio em Campos do Jordão confirmamos algo que já suspeitávamos há algum tempo: nosso treino estava aquém das exigências que as provas em montanha faziam de nossos corpos.

Assim, pouco tempo depois, resolvemos começar a treinar com a JVM Trail Run. Quer dizer, a Cris começou a treinar... eu, com meu andar "ponto e vírgula", não conseguia seguir à risca um só treino da minha planilha, e todo dia tinham que modificá-la pra mim.

Galera da JVM brincando onde mais gosta!

Disse a mim mesmo que iria parar para descansar um pouco, mas porém contudo no entanto todavia, adivinhe só, eu já estava inscrito para o Revezamento Bertioga-Maresias (18.05.13) e não podia deixar a equipe na mão, né!

Eu faria o trecho 6 (9,7km e com subidinha) e a Cris faria o trecho 5 (14km em areia dura, no plano). Do resto da equipe, eu só conhecia o Léo, que iria encarar a Serra.
Acontece que "alinhamento de pensamentos/mentes semelhantes se atraem/química/ou o nome que você quiser dar pra isso" é algo que ocorre mesmo, viu. A equipe se conheceu na véspera do revezamento (antes disso o único contato era por email/whatsapp) e o entrosamento foi instantâneo! O santo bateu e isso foi muito legal!

Como a equipe (Canas que Voam) não tinha espírito combativo-sanguenozóio-competitivo, fiquei mais à vontade de correr num ritmo menos forte, para não agravar ainda mais a lesão. 

A equipe foi passando PC a PC dentro do esboço que havia feito do tempo de cada um, e deu tudo certo. Ninguém teve de esperar horrores pelo companheiro pra trocar a pulseira ou coisa do tipo.


A Cris concluiu seu trecho de 14km em 1h28:48 (pace de 6:19), eu peguei a pulseira e saí correndo.
Meus 5 primeiros km eram relativamente planos e me mantive num ritmo confortável (+/- 5:10 min/km), então veio uma subida curta e íngreme, que eu ataquei sem dó (enquanto subia trotando, pensava "estou em casa!"), seguida de uma descida curta e grossa, na qual quis sentar a bota e acabei sentindo a famosa dor na lateral externa do joelho direito, de novo!
Mas como ainda faltavam quase 3km, assumi que a dor era minha amiga, abracei-a e a levei comigo até o próximo PC. 
Esses 3km finais, na praia, no plano, sem mudar a paisagem nunca, pareciam intermináveis... ficava pensando "imagina a Cris, que acabou de correr 14km nesse cenário imutável, que porre!" rsrs


Air Salonpas e eu: ninguém separa (sorte que a Cris não tem ciúmes!)

Canas que Voam e Apoio (Paulo, Fernanda, Milena, Ale, Ciro, Andressa, Léo, Carol, Cris, Eu, Carol e Gui)


Cheguei ao PC praticamente ao mesmo tempo que o Alê, que ia assumir dali em diante. Parei o cronômetro em 50min36 (pace médio de 5:13). Só esqueci de passar a pulseira do chip no tapete! =S

Enfim, encaramos o trânsito interminável até Maresias e chegamos em tempo de ver o Léo cruzando o pórtico. Todos felizes e sorridentes. Hora de consolidar a amizade recém formada com um belo churrasco (e muito gelo no meu joelho)!!



Relato: A primeira vez a gente não esquece - Desafio em Montanha Campos do Jordão

Uma das coisas que mais gosto nas corridas em montanha  - é bem difícil dizer o que gosto mais - é a possibilidade de aliar turismo e esporte.

A prova seria no dia 11/05, véspera de dia das mães, mas como minha mãe estava viajando, não tive conflito de agenda!

Sexta feira à noite subimos para Campos do Jordão, Cris, Shigueo (meu sogro) e eu.

Nosso hotel ficava duas quadras distante do local escolhido pela Ritmo Certo para a largada do Desafio em Montanha Campos de Jordão 2013. E bota desafio nisso! Aliás, desafio e desafRio! 
Acordamos mais cedo para retirar os kits e a grama estava esbranquiçada. O termômetro marcava parcos 3ºC!



A temperatura foi aumentando gradualmente e, por volta das 9h30, horário da largada, o termômetro já marcava agradáveis 11ºC.


O desafio compreendia 3 provas: 10km, 21km e 42km. 
Tiro meu chapéu para quem correu os 21km e 42km, pois o percurso dessas provas envolvia subir e descer os Picos do Diamante e do Itapeva. Fácil, hein!

Bom, desde a prova de São Sebastião, quando machuquei a perna, havia tentado treinar uma só vez, e a dor não me permitiu trotar nem por 5km... maaaasss, como já estava inscrito pra prova dos 10km besuntei meu joelho de Air Salonpas (pareço garoto propaganda, né?), engoli o choro e encarei o desafio de frente.



Na hora da largada, Cris e eu trocamos nosso habitual selinho de boa sorte, sorrimos para a câmera do Shigueo - que estava nos 'tietando' rs - e sebo nas canelas, cada um no seu ritmo.



A corrida já começava em aclive, e o coração foi à boca! O frequencímetro marcava 187 bpm (o máximo que já havia marcado tinha sido 184 bpm durante o teste de esforço ergométrico!). Intercalei a corrida com caminhadas eficientes (pra poupar as pernas, o pulmão e o coração) e ainda assim o frequencímetro acusava 178 bpm (enquanto minha frequência de caminhada costuma ser 155 +/-). Em determinado momento percebi que olhar para os batimentos estava me deixando mais nervoso e coloquei o Polar (FT1) pra mostrar só o cronômetro mesmo.

Até aquela data, não me lembro de ter andado tanto numa prova! 
O gráfico altimétrico mostra uma 'montanha russa' com três aclives e três declives principais, mas não conseguia recuperar nas ladeiras o tempo perdido caminhando, pois eram justamente as descidas que me agrediam mais.



E durante todo esse tempo eu estava preocupado com a Cris, já que os batimentos dela em repouso já são extremamente altos. Ficava com medo de ela passar mal, sozinha, no meio do nada...

E assim, em um momento preocupado com meu joelho, no outro preocupado com a Cris, e nos intervalos apreciando a paisagem que aquele belo dia de sol proporcionou, passaram-se os 10km.

Nos metros finais era possível ouvir a empolgante locução do Maquininha ("dói tuuuuuddoooo nessa hora"), anunciando cada corredor pelo nome e sobrenome.



Parei o cronômetro, que marcava 1h08:37, me alonguei, tomei água e fui pra tenda do Kleber e da Leda, da Ecoclub, onde meu sogro nos aguardava. Sentei no banquinho e coloquei gelo no joelho enquanto aguardava a Cris. Pude respirar aliviado quando, 20 min depois, a Cris cruzou a linha de chegada sorrindo (e mostrando um arranhão na perna, fruto de um tombo).



Ficamos conversando ali na tenda e algum tempo depois chegou o Kleber, que havia corrido os 21km (cuja largada foi mais cedo). Continuamos ali, trocando figurinhas enquanto a cerimônia de premiação acontecia e, de repente, não mais que de repente, ouço meu nome!




Surpresa: fiquei em terceiro lugar na faixa etária de 18 a 29 anos! Meu primeiro pódio! Felicidade indescritível! Se eu já estava feliz em terminar a prova sem quebrar, imagine subir ao pódio!

Ainda tentei confirmar se não tinha ouvido errado e o Maquininha chamou meu nome novamente. Subi a escada até o pódio ainda meio tremendo de excitação e incredulidade! rs

3º? Confirma produção?"


Nessa prova, estreei meu Fuji Attack, mais robusto e melhor amortecido que o Racer, e já o coloquei na minha lista de itens da sorte! rs

Como a prova acabou no sábado pela manhã, ainda tivemos 1 dia e meio de passeio em Campos (pro Shigueo não reclamar que chamamos ele para um programa de índio! rs).

E Maquininha estava certo... dói, dói tudo nessa hora (e principalmente nas 48h seguintes!).