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segunda-feira, 16 de abril de 2018

Desafio 28 Praias Costa Sul - 2018 - Solo

Com a infinidade de provas existentes no calendário trail nacional (com opções para todos os gostos, distâncias e bolsos), uma prova tem que ser realmente muito especial para que alguém decida fazê-la repetidas vezes.

O Desafio 28 Praias é especial assim. Essa foi a 8ª edição da prova e foi a nossa 6ª participação, então não dá pra negar que temos certo apego emocional a ela! rs

Originalmente, a prova não estava em nossos planos, pois nosso orçamento anda bem limitado e estamos apenas treinando bastante mesmo. Maaasss, fomos chamados para participar da "nano série" do Muito Interessante para o Desafio 28 Praias (assista o vídeo AQUI) e, de lambuja, ganhamos cortesia para participar da prova.

Aceitamos na hora, afinal, fazia tempo que não participávamos de provas e, como dito acima, temos mesmo um carinho especial por essa prova. Contudo, não alteramos nossa programação de treinos para a prova, isto é, o Desafio funcionaria como um treino longo para nós, e não como uma prova-sangue-no-zóio-faca-na-caveira.

Continuamos nossa programação normal de treinos, focados muito mais em endurance/resistência do que em velocidade/corrida ritmada e fomos para a prova sem nenhuma pressão, querendo apenas um treino longo divertido e cheio de amigos.

Como já virou tradição, chegamos em cima da hora para a largada, cumprimentei rapidamente alguns amigos que encontrei no funil, a Fabi começou a contagem regressiva, meu GPS finalmente localizou o satélite e lá fomos nós com destino à Praia Dura, dali a 42km.

Nunca vi a prova tão cheia! Tinha muito mais gente correndo a prova na categoria solo nesse ano do que nos anos anteriores.

Iniciei a prova com tranquilidade, sem querer forçar muito. Repetia para mim mesmo que aquilo nada mais era do que um treino de luxo (apesar de não gostar dessa expressão), que não tinha porque encanar com ritmo ou com ultrapassagens.


Mas a cabeça da gente é um bicho doido, né? Comecei a lembrar do tempo que eu havia feito em minha primeira (e até então) única maratona, nesse mesmo percurso, em 2016, e comecei a querer me comparar comigo mesmo...


_ [Diabinho] aquela foi sua primeira maratona, você certamente tem potencial para fazer melhor que aquilo; 
_ [Anjinho] fica de buenas aí, você veio aqui só pra treinar... apesar de ter uma melhor resistência para essa distância atualmente, você não tem treinado nada de velocidade; 
_ [Diabinho] que desculpa esfarrapada... dá pra baixar aquele tempo sim! 
_ [Anjinho] cubra o GPS com o Buff e não olhe mais para o tempo de prova. Curta o momento e boa!




Ao final do trecho 1 da Prova (15km de trilhas, praias de areia fofa e um pouco de estrada de terra), finalmente ouvi a voz da razão (Anjinho) e escondi meu relógio com o Buff (não sem antes checar que havia feito o trecho mais ou menos 1 minuto mais lento do que em 2016 - quando eu preciso da memória para algo relevante, ela falha... mas pra me sabotar ela funciona! rs).



Fiquei um pouco decepcionado, pois tive a impressão de que estava fazendo mais força esse ano do que havia feito em 2016. Ao mesmo tempo, nesse ano eu estava um verdadeiro pato nas descidas, com medo de torcer o pé direito pela 187ª vez desde janeiro, então perdi bastante tempo descendo as trilhas com cautela.

Encontrei alguns amigos no PC, parei para prosear e eles me encorajaram a seguir em frente logo, pois eu estava muito bem (palavras deles... as fotos desmentem! rs). Tive uma surpresa bastante agradável nesse PC, que foi encontrar água de coco gelada! Tomei uma caixinha e segui adiante, com foco no próximo PC e na travessia do Rio Maranduba.



O trecho correu bem, sem incidentes, a maré estava relativamente baixa (água um pouco abaixo do peito) e logo cheguei ao PC 2 - Maranduba. Não encontrei água de coco, então não me demorei ali e parti para o próximo PC (Lagoinha), pensando se encontraria água de coco gelada ou não! rs


Resolvi focar na água de coco porque esse trecho entre Maranduba e Lagoinha, apesar de curto, é sempre sofrível para mim.


Toda vez que eu entro numa praia bate a maior vontade de andar (isso é péssimo para quem resolve correr uma prova que passa por 28 praias, mas é melhor não questionar! kkkk), e esse trecho, em especial, me dá a impressão de nunca ter fim - principalmente quando chega no Sapê, com areia fofa e inclinada.

Sem olhar para o relógio e sem me comparar com o Gabriel 2016, segui adiante pensando na água de coco e, quando reparei, pah! Lá estava o PC! Não sei o que aconteceu, mas nesse ano quase não teve areia fofa nessa parte do percurso. Excelente!
Abasteci um squeeze com água de coco, tomei uma porção (porção? saquinho? dose? sachê?) de água e me preparei para o segundo trecho de trilha da prova.

Refrescando a cuca

As pernas já estavam bem pesadas, mas trilhas sempre me dão um ânimo extra, então assim que cruzei o riacho já me animei e me preparei para as próximas subidas e descidas em lindos single tracks!



Assim como em 2016, escolhi o mesmo cantinho para fazer um xixi e então comecei a curtir a trilha.
A curtição livre e desimpedida durou pouco tempo, pois comecei a encontrar filas e mais filas dos últimos colocados dos 21km - que haviam largado de Maranduba às 8h30.

Pegar filas é ruim. Pegar filas com mais de 20 pessoas é pior.

Desenvolvi um pequeno discurso e toda vez que encontrava um desses grupos eu soltava o verbo "eu podia estar matando, eu podia estar roubando, mas to aqui pedindo passagem" "com licença! 42km solo passando! Não é nada pessoal, vocês estão indo super bem, mas se eu tiver que diminuir o ritmo eu terei câimbras, vocês não querem isso na consciência de vocês...". Com paciência e bom humor, tentei orientá-los a ficarem onde estavam por um ou dois segundos que eu faria o resto. E assim fui fazendo (e acompanhado de mais 2 maratonistas) pelos 8km de trilha até o PC Fortaleza, o último ponto de abastecimento da prova.

Trotando e mastigando 😋
Fazer todas essas ultrapassagens exigiu muito tempo e muita energia. A panturrilha começou a ameaçar travar e, por isso, decidi fazer uma pausa um pouco maior no PC. Tomei uma caixa inteira de água de coco, abasteci um squeeze com outra caixa e usei um sachê de água para preparar um mix de isotônico (Spartade).



Saí do PC ao mesmo tempo que o Emidio, que havia enfrentado um pedaço do engarrafamento na trilha comigo e resolvemos prosseguir juntos.

Misery loves company
Papo vai, papo vem, trota aqui, anda ali, descobrimos que já havíamos corrido juntos antes, em 2013, tendo até mesmo compartilhado um pódio numa etapa da Copa Paulista de Corrida de Montanha! Mundo pequeno!

Direto do túnel do tempo (2013):
Will, Emidio e Eu em Mairiporã
Detalhe: meu tênis é o mesmo!
A companhia nesse trecho foi fundamental, pois as pernas já estavam moídas, o sol estava começando a fritar e, para ajudar, esse trecho conta com bons quilômetros em subida e descida por asfalto (o que quebra a cabeça de qualquer trail runner).

Nesse trecho já havia colocado o GPS de volta ao pulso e quando entramos na Praia Dura vi que era possível bater meu recorde pessoal na prova! O Emidio encontrou um amigo e acabou ficando um pouco para trás, então, sem hesitar, apertei um pouco o passo e decidi que não andaria mais (como havia feito por boa parte dessa praia em 2016).

Correndo com vontade, numa das últimas praias do percurso.
Solzão estalando na cuca!
Quando chegar naquele guarda-sol azul e branco darei um tiro até a linha de chegada! Ousado, o menino! Até 2km atrás qualquer acelerada era suficiente para a panturrilha ameaçar um espasmo, mas agora não tinha mais volta. A linha de chegada estava próxima e eu só iria parar após cruzá-la.

Cinco horas, três minutos e cinquenta segundos (no meu relógio). Fim de jogo. Seis minutos mais rápido que meu tempo anterior! \o/

Não vou dizer que fiquei em êxtase absoluto com o tempo... afinal, se eu tivesse sido menos medroso nas descidas, se eu tivesse perdido menos tempo ultrapassando o povo dos 21km, se eu tivesse blábláblá poderia ter - quem sabe - fechado a prova abaixo de 5h... ao mesmo tempo, se não tivesse me juntado ao Emidio nos últimos 8km, poderia não ter trotado (e caminhado forte) tanto quanto trotei, e pode ser que tivesse tido um tempo final mais lento. Vai saber.

Entretanto, ao checar o resultado oficial no site da Cronoserv, aí sim, o êxtase veio: 12º colocado geral, de 277 homens! Significa alguma coisa? Não mesmo. Mas me deixou feliz? Deixou, sim. Então é isso que importa! kkkk



A Cris também finalizou sua prova-treino feliz e sem incidentes, o que sempre me deixa feliz.

Feliz!

Cris chegando com emoção
Mais um Desafio 28 Praias concluído com sucesso e com prazer, vendo velhos amigos, fazendo novos e aproveitando bem o final de semana. Quero mais o quê?






2 comentários:

Walmir disse...

Parabéns! Excelente prova e excelente relato, como sempre!

Gabriel C. disse...

Obrigado, Walmir!